Hoje eu andei de avião de novo. Engraçado como eu gosto de viajar e nem pestanejo na hora de comprar a passagem, mas na hora da viagem o bicho pega. Eu descobri uma coisa, eu consigo relaxar mais quando estou escrevendo, então hoje eu resolvi escrever todos os eventos que me acompanharam nessa viagem...ENJOY:
Minha experiência no vôo da TRIP. A primeira coisa que eu vi no avião foram as hélices, ou seja lá qual for o nome daqueles ventiladores gigantes grudados nas asas. Não era para ter uma turbina ali?
Eu pensei: Meu Deus, isso não é um avião, é um trailer.
É um aviãozinho, pequeno mas confortável. "Senhores passageiros sejam bem vindos ao vôo da TRIP na aeronave ATR72-500..."
A hélice está exatamente do lado da minha janela e eu fico surda quando o piloto da partida. Passei 25 minutos olhando para a hélice para ver se aquilo não ia parar.
Eu prestei bastante atenção às normas de segurança. sempre presto, sempre leio o cartão. Eu estava sentada nas primeiras poltronas e assim que a aeromoça parou de falar ela tirou uma poltrona de dentro da parede, e se sentou, virada para mim, de costas para a porta da cabine do piloto.
A aeromoça fica me encarando e eu já começo a me sentir desconfortável, mulher estranha. O avião decola e para a diversão do piloto ele vai furando as nuvens, parece que ele escolhe passar por elas. Se não enxerga um palmo à frente e o avião sempre treme quando passa naquilo.. por que passar?
PLIN. Apaga a luzinha do cinto de segurança e a feinha finalmente para de me encarar.
"Dentro de instantes iniciaremos o serviço e bordo".. agora eu gostei.
A feinha me trouxe dois pãezinhos e café com açúcar. Até que ela não é mais tão feinha.
Começou a tocar "Oh, it is love" no IPod e eu canto distraída. A feinha volta na minha poltrona e fala:
"Oi"
".. eh .. Oi'
"Pois não senhora?"
"Pois não o que, moça?"
"A senhora me chamou?"
"Não, moça, eu to cantando"
"Ah...." e volta para servir as outras pessoas
O avião é tão pequenininho que a moça me ouviu sussurrar a música e achou que era com ela.
Em menos de 5 minutos e consigo uma proeza inesperada e imprevisível. Derramo meu café na mesinha, na janela e poltrona da frente. "Como??" eu me pergunto.
Apertei o botão e a feinha não aparece. Ela está servindo o lanche numa carreira porque já já ela tem que sentar para pousar. Ela praticamente arremessa os sanduíches para a galera. Dá pra ver o desespero nos seus olhos. Acho que ela não ouviu o meu chamado. Vou começar a cantar para ver se ela aparece.
Finalmente ela vem, diz que não tem nenhum problema e que me trará outro café.
Eu fico esperando, claro que vou ter cuidado redobrado da próxima vez, esses copinhos são perigosos mesmo, até porque se eu derramar o segundo, acabo de melar de café a segunda metade do avião.
Se a mamãe estivesse aqui, certamente estaria escondida dentro do saco de enjôo.
A luz do cinto acende e a feinha termina com seus arremessos e volta, ofegante: "senhora, não terei tempo de servir seu café, desculpe"..
Tudo bem.
Agora, no pouso, é a hora dos sustos.. susto quando abaixa a rodinha, susto quando passa nas nuvens, susto quando aquele avião vai balançando até chegar perto da pista. Eu perguntei para a feinha:
Moça, esse balanço é normal?
"sim sim..." a coitada me respondeu, toda suada. Acho que nunca mais ela serve paezinhos no trecho de Ilhéus-Salvador (40 minutos).
Desce gente, sobe gente. Eu apaguei na poltrona, quando acordei já estávamos no ar de novo.
Do jeito que as coisas ridículas acontecem comigo eu acordei assustada, falando: Ai meu Deus!!!!
O moço que sentou em uma poltrona perto me olhou na hora. Que vergonha. E pra piorar o cara é grandão e bonito. Claro que eu tinha que acordar falando!!!!!!!!
O rapaz toda hora enfiava o dedo no ouvido e balançava como se quisesse alcançar o cérebro. Eu o ofereci um TRIDENT e ele fez uma cara de "eu sou lindo, não sou pro seu bico" e disse: Não, obrigado!
Eu fiz uma cara de "eu sou educada, não estou te dando bola" e repondi: Por nada.
"Tomara que o ouvido dele exploda.." pensei.
Depois ele começou a fungar como se estivesse tentando coçar o ouvido por dentro...
Eu tive uma lembrança do narrador do Partoba no Mundo Canibal, algo do tipo:
"Tá coçando o ouvidinho, neném? Parece que tem uma abelinha lá dentro, neném? aaaaaaaahauahauaha
F#$% - se"
Eu fui ao banheiro e não é menor que o dos outros aviões não. Arrumei meus cabelos, tirei os brincos (quase 5 horas usando brincos direto... record), fiz duas "maria-chiquinhas" nos cabelos e voltei para a poltrona.
Acabou a bateria do IPod infeliz. Bem na hora do Turn the Page- Metallica.
"Senhoras e senhores, iniciamos o nosso procedimento de descida, a partir desse momento desliguem qualquer aparelho eletrônico"... não precisa nem falar, meu IPod é treinado já.
Na hora de ir embora eu comento com a moça au lado: Meu Deus, como coube esse tanto de gente aqui dentro?
O grandão vem logo atrás de mim. Um rapaz abre o compartimento acima da poltrona e acerta na testa do grandão... tá vendo como é bom ser compacta?
No saguão ninguém me esperava. Liguei para meu tio:
Tio, cadê o senhor?
Ele diz: Ué, você tá onde? em Petrolina?
"Claro tio, eu avisei a Bruno ontem"
ele brinca "Ele não me avisou nada, Alice"
e eu, movida pela calma e educação recebida nos melhores colégio de Londres, solto: "Aquele infeliz imprestável"...
"Calmmma Alice, ele me disse sim, já deve estar chegando".
Eu fico envergonhada... desligo o aparelho e falo baixinho: Tadinho do meu primo, o chamei de imprestável!
A moça ao meu lado diz: e de infeliz.
Eu solto uma gargalhada.
Em menos de cinco minutos ele chega e ela diz: olha, ele veio, o infeliz!!
Que mulher curiosa com a conversa dos outros (ou eu falo alto demais).
No carro Bruno pergunta:
"Como foi o vôo?"
"Ah Bruno, eu não gosto muito de voar..."
Ele diz:
"Pois é Alice, eu não tinha medo não, mas agora, depois de velho, é cada susto que eu tomo dentro do avião.."
Pelo visto não é só comigo.